domingo, 3 de janeiro de 2016

LES CONTES D’HOFFMANN, METropolitan Opera, Nova Iorque, Março / New York, March 2015


 (review in English below)


Les Contes d’Hoffmann é uma ópera de Jacques Offenbach com libreto de Jules Barbier baseado em contos de E.T.A. Hoffmann.

A acção passa-se em Nuremberg no início do Século XIX. Hoffmann bebe com os amigos e Nicklausse (a sua musa protectora transformada). Conta a história de três casos de amor anteriores que ilustram facetas do seu actual relacionamento infeliz com a cantora Stella, que é desejada por Lindorf, um político sem escrúpulos. A primeira é Olympia, uma boneca mecânica construída por Spalanzani, em Paris. A segunda em Munique, é Antónia que, contrariando as ordens do seu pai, morre por cantar, na sequência de uma indicação nesse sentido do Dr. Miracle. A terceira, em Veneza, é Giulietta uma cortesã que tira o reflexo às pessoas por ordem de Dapertutto. No final está bastante bêbedo e adormece após um diálogo com Stella que é levada por Lindorf.



A encenação de Bartlett Sher é vistosa e diversificada mas irregular. O prólogo e o epílogo decorrem numa taberna alemã convencional. O primeiro acto, a história de Olympia, é o mais bem conseguido. Passa-se numa feira, na barraca de Spalanzani, com uma estrutura em caracol dominante e onde a utilização de guarda-chuvas com olhos desenhados tem um efeito de grande impacto. O segundo acto é, teatralmente, decepcionante porque não há nada para ver. O palco está vazio e podia passar-se em Munique ou em qualquer outro local. Em contraste, o 3º acto é cenicamente exagerado, com uma mistura de prostitutas e outros figurantes (recuperando-se as referencias aos actos anteriores) numa Veneza com gôndolas. Uma mistura pirosa e sem jeito.



 A direcção musical foi excelente, a cargo de James Levine.  A Orquestra e o Coro da Met Opera estiveram ao mais alto nível.

O tenor norte-americano Matthew Polenzani foi um Hoffmann superior. Tem uma voz de timbre muito bonito, potente e expressiva. Os agudos soam fáceis e de grande qualidade. Foi o melhor da noite e foi a melhor interpretação que lhe ouvi.



Também ao mais alto nível esteve a mezzo francesa Karine Deshayes como musa / Nicklausse. Tem uma voz ponderosa e penetrante, e esteve sempre muito bem.



Outro grande intérprete foi o baixo-barítono francês Laurent Naouri nos papéis diabólicos, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle e Dappertutto. Tem um registo grave muito interessante, a voz é bonita e de grande musicalidade. O cantor tem uma excelente figura o que o ajudou muito na superior prestação cénica.



A soprano norte-americana Audrey Luna fez uma Olympia excelente na representação mas aquém das expectativas no que ao canto respeita. Tem uma voz bem audível mas, por vezes tornou-se agreste e estridente, e ocasionalmente pareceu perder o controlo, o que foi mais notório no registo agudo.



Antonia e Stella foram interpretadas pela soprano norte-americana Susanna Philips. Esteve muito bem, sobretudo como Antonia, que cantou com grande emotividade, poderio e beleza vocal.


A mezzo russa Elena Maximova fez uma Giulietta sem brilho. A voz é relativamente pequena e monocórdica. A belíssima barcarola Belle nuit, ô nuit d’amour valeu apenas pela música.



No cômputo geral, um bom espectáculo.








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LES CONTES D'HOFFMANN, Metropolitan Opera, March 2015


Les Contes d'Hoffmann is an opera by Jacques Offenbach with libretto by Jules Barbier based on tales by E.T.A. Hoffmann.

The action takes place in Nuremberg in the early nineteenth century. Hoffmann drinks with friends and Nicklausse (his protective muse transformed).  He tells the story of three cases of previous love that illustrate facets of his current unhappy relationship with the singer Stella, who is wanted by Lindorf, an unscrupulous politician. The first is Olympia, a mechanical doll built by Spalanzani in Paris. The second, in Munich, is Antonia that, contrary to her father's orders, dies for singing, following an indication to that direction of Dr. Miracle. The third, in Venice, is a courtesan, Giulietta, that takes the reflection to people in order of Dapertutto. At the end Hoffmann is quite drunk and falls asleep after a dialogue with Stella that follows Lindorf.

The staging of Bartlett Sher is fine and diverse but irregular. The prologue and the epilogue are in a conventional tavern. The first act, the story of Olympia, is the best achieved. It is set in a fair, in the tent of Spalanzani, where the use of umbrellas with eyes designed on them has a great visual impact. The second act is disappointing because there is nothing to see. The stage is empty and could be in Munich or elsewhere. In contrast, the 3rd act is scenically exaggerated, with a mixture of prostitutes and other extras (recovering the references to previous acts) in Venice with gondolas.

Musical direction by James Levine was excellent. The Orchestra and Chorus of the Met were at the highest level.

American tenor Matthew Polenzani was an excellent Hoffmann. He has a very beautiful, powerful and expressive voice. Top notes sound easy and of high quality. He was the best of the night and it was the best performance I heard from him.

Also at the highest level was the French mezzo Karine Deshayes as Muse / Nicklausse. She has a strong and penetrating voice, and she was always at the top level throughout the performance.

Another great performer was French bass-baritone Laurent Naouri in the evil roles, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle and Dappertutto. He has a very interesting low register, the voice is beautiful and has great musicality. The singer has a great figure which helped a lot in the acting.

American soprano Audrey Luna was an excellent theatrical performer as Olympia but short of expectations with respect to the singing. She has a very audible voice but sometimes became wild and seemed to lose control, which was most notable in the high register.

Antonia and Stella were interpreted by American soprano Susanna Philips. She was very good, especially as Antonia, who sang with great emotion and vocal beauty.

Russian mezzo Elena Maximova was a dull Giulietta. The voice is relatively small and monotonous. The beautiful barcarola Belle nuit ô nuit d'amour paid only for music.

All together, it was an excellent performance.


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