sábado, 13 de dezembro de 2014

AS BODAS DE FÍGARO no Theatro São Pedro e a melhor semana para os amantes de opera



 O Theatro São Pedro fecha sua temporada 2014 com uma ópera clássica, As Bodas de Fígaro de Mozart, título que é certeza de casa cheia. Das seis récitas programadas uma delas fica a cargo dos alunos da Academia de Ópera do Theatro São Pedro, uma oportunidade única deles colocarem na prática o que aprenderam durante o ano.

Afirmo que a maioria dos alunos não fez feio, muito pelo contrário, Camila Titinger fez uma Condessa de Almaviva com bela voz e venceu as deficiências cênicas passadas. Roseane Soares foi outro destaque, voz lírica, jovial e um belo timbre. Interpretou uma Susanna com grandes atributos cênicos. André Rabello apresentou uma voz com bons graves e deu comicidade ao personagem Fígaro. Johnny França fez um bom Conte de Almaviva. O único destaque negativo é o Cherubino de Angélica Menezes, voz inconsistente em um timbre frio e sem graça.

(Foto Décio Figueiredo)

A direção de Lívia Sabag é inteligente e dinâmica e não cai nas armadilhas da transposição temporal. Esbanja em criatividade e na movimentação correta dos artistas. Os cenários de Nicolàs Boni são simples e adequados com painéis que levam o espectador ao período que se passa a ópera. Os figurinos de Fábio Namatame seguem a linha de acertos e a luz de Wagner Pinto acrescenta qualidade as cenas.
   
A Orquestra do Theatro São Pedro nas mão de Luiz Fernando Malheiro mostrou-se preparada para a empreitada. Regência segura com sonoridade correta e equilibrada. Orquestra do Theatro São Pedro se mostra preparada para aventuras maiores e nas mãos do competente Malheiro só tem a evoluir.

(Foto Décio Figueiredo)

Os destaques em uma ópera repleta de solistas foram as mulheres. Luísa Francesconi fez um Cherubino com voz única, um timbre agradável e uma atuação cênica primorosa. Todos os personagens que o mezzo-soprano canta são de alto nível e esse foi mais um deles. Não conhecia a voz de Carla Cottini e de fato a moça impressionou pelo lirismo e pela doçura vocal. Um timbre leve, voz clara e ágil e uma atuação cênica de tirar o chapéu. Essas são as melhores palavras que definem o jovem soprano.    

Rodrigo Esteves fez um Figaro a altura do personagem, engraçado e com voz melódica e potente. Rosana Lamosa emprestou brilho a Condessa com voz de excelente fraseado e cor. Homero Velho é um barítono com voz sólida, seu Conde de Almaviva foi um luxo.
   
Ópera com excelentes vozes nacionais, direção cênica impecável e uma orquestra correta, o que o público paulistano pode desejar mais. Coroa a melhor semana do ano para os amantes da música clássica e ópera. No período de 7 dias tivemos As Bodas de Figaro no Theatro São Pedro, A Danação de Fausto de Berlioz pela OSESP, Madama Butterfley de Puccini no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a Tosca de Puccini no Theatro Municipal de São Paulo e a Gala da São Paulo Cia de Dança. 

Ali Hassan Ayache

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